terça-feira, 31 de julho de 2012

Livro: Brasil dos Bancos

Uma história de bancos ainda em movimento

Por Luiz Sérgio Guimarães | Para o Valor, de São Paulo
Fernando Nogueira da Costa dedica-se a estudar os bancos brasileiros há 34 anos. Sua dissertação de mestrado, defendida em 1978, já tinha por objeto de estudo os bancos privados de Minas Gerais. Quem orientou a tese foi a então professora de mestrado da Unicamp Maria da Conceição Tavares. E é Conceição quem apresenta seu ex-aluno nas orelhas do livro. Ficamos sabendo por ela que, no início dos anos 2000, Costa "tornou-se um militante ativo na desmistificação do neoliberalismo e na defesa dos bancos públicos". Embora tenha mais de 500 páginas, "Brasil dos Bancos" é apenas a síntese das pesquisas de Costa sobre a área bancária.
O que detonou seu interesse pelos bancos foi o gatilho da perplexidade desencadeada por uma contradição: os bancos mineiros, sediados em uma economia mais frágil, eram então os maiores bancos privados do Brasil. Nos anos 1980, novo desafio: a crise dos bancos estaduais e o incandescente debate em torno de sua privatização. O caso Banespa forneceu vasto material à sua tese de doutorado, em 1988. O trabalho que havia começado na sala de aula em 1976 não parou nunca, avança pelos dias atuais, já que o setor bancário mantém-se em permanente ebulição. Na primeira metade dos anos 1990, Costa pesquisou a diversificação setorial dos grandes grupos bancários privados nacionais. Na segunda metade, estudou a crise e a quebra de grandes bancos, as privatizações dos estaduais, a concentração e a desnacionalização bancária. E, neste século, dedicou-se a defender as instituições federais das ameaças de privatização. Costa não se refugia no conforto da redoma acadêmica: entre 2003 e 2007, ocupou a vice-presidência de finanças e mercado de capitais da Caixa Econômica Federal, ao mesmo tempo em que atuava como diretor-executivo da Febraban.
O livro não é de historiador, mas de economista: ao mesmo tempo em que estuda a genealogia e a trajetória dos bancos de maior relevância, busca nas experiências passadas luzes para compreender os acontecimentos atuais, para poder, assim, imaginar o futuro. Está dividido em três grandes partes. A primeira analisa o papel do Estado na constituição do sistema financeiro nacional, descreve a atuação do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal e explica o ciclo histórico dos bancos estaduais de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, de suas origens até a privatização. A segunda parte trata dos bancos privados. Reconstitui a história das joias da coroa bancária nacional: Real (hoje Santander), Bradesco, Itaú, Unibanco e Safra. E também do fracasso dos antigos impérios Econômico, Nacional e Bamerindus. Trata, nesta seção, da desnacionalização do varejo bancário brasileiro. Na terceira parte, o foco ganha um viés mais macroeconômico, ao consolidar a trajetória dos bancos com a própria história monetária do país. É nessa parte que Costa aborda os grandes temas da atualidade: o acesso da população aos bancos, a evolução tecnológica, as novas formas de manutenção da riqueza, a evolução do crédito e a formação da taxa de juros dos empréstimos.
Depois de esmiuçada toda a história dos bancos brasileiros, Costa se ocupa dos impactos da crise global deflagrada em 2008 sobre o sistema bancário do país. O colapso de Wall Street secou o crédito mundial e o brasileiro. Mas os seus efeitos foram ainda mais perversos sobre as pequenas e médias instituições, já abaladas, quatro anos antes, pela bancarrota do Banco Santos. Restaram a elas poucas opções para obtenção de "funding": vender as carteiras de crédito, sobretudo de consignados, para antecipar liquidez; colocar no mercado de capitais fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDCs), formados pelos recebíveis que conseguiam arrumar; captar recursos no exterior e abrir o capital na Bolsa. A venda das carteiras aumentou a concentração do crédito no país. De lá para cá, a cada conjuntura de desaquecimento econômico, como agora, o problema ressurge.
A crise financeira global deu novo impulso à consolidação bancária. A maior foi a fusão do Itaú com o Unibanco, anunciada em 3 de novembro de 2008. Mas ocorreram outras de grande porte: a compra do Real pelo Santander e a da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. O Bradesco perdeu a liderança entre os bancos privados. Com oportunidades restritas de aquisições, sobrou ao banco da Cidade de Deus a opção de focar sua expansão no crescimento orgânico e em políticas agressivas de marketing e de preços. Mas não deflagrou uma guerra de preços e tarifas. Optou por colocar ênfase na qualidade dos serviços prestados. Essa guerra seria declarada depois, já no governo Dilma, pelos bancos estatais.
No cumprimento de sua missão de irrigar de liquidez a economia, para combater o estreitamento do crédito, os bancos públicos ganharam mercado depois da crise externa. "A atuação dos bancos estatais não foi só anticíclica. Aproveitaram a oportunidade de inibição dos bancos privados para disputar e ganhar mercado", diz Costa. E não pararam mais, como prova a ofensiva atual pela derrubada dos "spreads" bancários.
A crise mundial, ao intensificar a consolidação bancária no Brasil, forjou gigantes impossíveis de serem comprados por instituições estrangeiras. O contrário mostra-se mais factível, pois abriu-se uma nova fase da história: a da internacionalização dos bancos brasileiros. Esta é a chave para se decifrar o enigma proposto por Costa no título que escolheu para seu livro. Admite que estava em dúvida entre dois: Bancos do Brasil ou Brasil dos bancos. A conjunção coordenativa "ou" pode ser interpretada de várias maneiras. Pode indicar alternância ou exclusão - "é uma coisa ou é outra" -, pode refletir uma incerteza ("não sei se os bancos são do país, se o país é dos bancos ou se é o país dos bancos") ou, ainda, pode ser usada como partícula enfática, como na letra do Hino da Independência ("ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil!"). Cabe ao leitor resolver a charada, ao término da leitura.

"Brasil dos Bancos"

Fernando Nogueira da Costa. Edusp. 531 págs., R$ 74,00

Fonte: Valor on line

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Congresso USP 2012

Na última semana, ocorreu em SP, o 12º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, juntamente com o 9º Congresso de Iniciação Científica.
A titular deste Blog teve aprovado um artigo, feito a partir da orientação de um TCC de suas orientadas. O trabalho foi apresentado pelas alunas co-autoras da pesquisa, dia 27 de julho, e ainda ganhou indicação para o melhor trabalho na área! Não ganhamos, mas a simples indicação mostra o valor da pesquisa. Dentre tantos trabalhos, ser apontado como um dos finalistas, acreditem, faz um bem danado!
Parabéns à Viviane Offrede e à Rita de Cássia, por provarem que um TCC bem orientado dá muitos frutos,. Obrigada por não desistirem e acreditarem em mim.

Obrigada, meninas!
Se o leitor tiver curiosidade de conhecer o trabalho, mande um e-mail solicitando-o. Enviarei com a maior presteza!
Votorantim lança projeto de US$ 3,3 bilhões no Pará
 
Por Vanessa Dezem | De São Paulo

Na contramão da tendência dos últimos anos na indústria do alumínio, que vive momento de poucos investimentos, a Votorantim Metais (VM) discute com autoridades do Pará a instalação de um megaprojeto na pequena cidade de Rondon do Pará. Com investimentos previstos de US$ 3,3 bilhões, o projeto integrado inclui o desenvolvimento de uma mina de bauxita e a construção de uma refinaria para a produção de alumina.

O complexo terá capacidade para extrair e beneficiar, por ano, 7,1 milhões de toneladas de bauxita e 3 milhões de toneladas de alumina a partir de 2016/2017. "O Estado pretende ser um polo nesse setor", disse ao Valor o secretário da Indústria do Pará, David Leal.
 
Os detalhes do projeto já foram apresentados ao governador do Estado, Simão Jatene. Na semana passada, a diretoria da Votorantim começou a discutir com o secretário Leal incentivos e benefícios para o empreendimento, que deve criar 1.600 empregos num município de 47 mil habitantes.

Se aprovado - a Votorantim ainda não tem licença ambiental -, o projeto será o primeiro do setor de alumínio da empresa na região Norte. Ele faz parte de um amplo planejamento estratégico de expansão da VM, que programou desembolsos de R$ 6,5 bilhões entre 2011 e 2013, e está mais voltado para a área de mineração, pela maior rentabilidade.

As produtoras de alumínio têm sido prejudicadas pelo alto preço da energia, que responde por 50% do custo total. Além disso, a cotação do alumínio está em baixa no mercado mundial - neste ano caiu 5% na Bolsa de Metais de Londres (LME), fechando em US$ 1.894 por tonelada na última sessão. Esse cenário estimula as empresas a investir mais no início da cadeia produtiva, a mineração.

Para manter a competitividade na produção de alumínio em suas indústrias, a VM gera 78% de energia que consome, com 23 usinas hidrelétricas. Enquanto define os investimentos no Pará, a companhia avança em seu projeto de alumínio em Barro Alto (GO), que abastecerá sua própria produção de transformados de alumínio. Consultada sobre o assunto, a VM não quis comentar o projeto.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Contabilidade Financeira: Contabilidade pública

Contabilidade Financeira: Contabilidade pública: O professor Romildo Araújo, de Contabilidade Pública, fez uma coletânea de "pérolas". Eis a lista completa: Nestas últimas décadas, fazem ...