sexta-feira, 30 de abril de 2010

Belo Monte (de oportunidades para fornecedores)

A construção da usina de Belo Monte, no Pará, ainda vai dar o que falar. Observe-se o rol de fornecedores que estão de olho no empreendimento. Em matéria publicada hoje (30/abr/10), o portal Valor Econômico expõe alguns empresários do mundo todo, que travam disputa pelos contratos da construção.

Matéria de Josette Goulart, de São Paulo.

Dez dias após o leilão, a corrida dos fornecedores mundiais de turbinas hidrelétricas já fez baixar os custos da usina. Japoneses, chineses, russos, franceses, alemães e até argentinos travam uma disputa pelo contrato de fornecimento dos equipamentos da usina de Belo Monte, estimado em cerca de R$ 6 bilhões. Dez dias após o leilão, a corrida dos fornecedores mundiais de turbinas hidrelétricas já fez baixar os custos da usina. Isso porque os asiáticos não querem perder essa oportunidade de entrar no mercado brasileiro, antes restrita aos europeus reunidos no consórcio da Alstom. A empresa tinha a preferência do consórcio derrotado no leilão da usina.
O presidente da Toshiba T&D do Brasil, Luís Carlos Borba, diz que apresentou uma proposta ao consórcio Norte Energia para o dia do leilão e depois fez nova oferta, com condições melhores. A empresa produz alguns equipamentos no país, como transformadores, mas o objetivo é fornecer as turbinas que fabrica no Japão e estrear no mercado brasileiro. Para isso conta com o JBIC, bando de fomento japonês, que está oferecendo 130% em crédito com prazo de 18 anos e juros de cerca de 4,12% ao ano. "Esse é custo padrão para o risco Brasil, mas poderá ser reduzido para Belo Monte", disse Borba. Os 130% de crédito significam que o banco financia 100% dos equipamentos a serem importados do Japão e ainda 30% dos que seriam produzidos pela Toshiba no Brasil.
A estatal russa Inter Rao Ues, associada à brasileira Energpower, quer fornecer os equipamentos e ainda se tornar sócia na usina. Os chineses jogam os preços ainda mais para baixo e também oferecem crédito, caso da Dongfang. A argentina Impsa, em parceria com a chinesa Harbin, aposta no investimento de R$ 250 milhões que está fazendo em uma fábrica que produziria parte das turbinas em Pernambuco, onde fica a sede da Chesf, uma das sócias da usina.
Mas não é só preço que está em discussão. Capacidade das turbinas e prazo de entrega são fundamentais. Um executivo do setor explica que é difícil fazer experiências com novos fornecedores em um projeto bilionário como Belo Monte. As turbinas russas são consideradas boas, mas têm histórico de atrasos na entrega. Os chineses ainda estão sendo avaliados em Jirau. Os japoneses entregam no prazo, mas também são um teste no mercado brasileiro. Os europeus são os que gozam de maior credibilidade, mas não têm margem para reduzir preços.
Link para a reportagem:

Belo Monte (de desenvolvimento à população local)

Em reportagem do jornal O Diário do Pará publicada hoje (30/abr/10), a Prefeita do Estado, Ana Júlia Carepa defende a construção da usina, afirmando que o empreendimento trará melhorias à população da região.
A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), apoiou a construção de uma hidroelétrica na região ao afirmar que a represa ajudará a reduzir abismos sociais em uma região em que "a pobreza não é ficção científica", como ocorre no filme "Avatar". "É compreensível que Hollywood se preocupe com o meio ambiente, mas tem uma visão muito distante da nossa realidade", declarou à Agência Efe Ana Júlia, em alusão às manifestações contra a represa feitas pelo diretor do filme "Avatar", James Cameron, e alguns atores da obra de maior bilheteira da história. Em entrevista por telefone à Efe, a governante apontou que o Pará tem um compromisso com a defesa do ecossistema amazônico e citou como exemplo o plantio de 1 bilhão de árvores até 2013.
"É uma meta igual à que a ONU colocou para todo o planeta, mas só para este Estado", disse Ana Júlia, que acrescentou que Cameron e os protagonistas de "Avatar" estão "convidados" a conhecer em primeira mão o projeto da represa e também "ajudar a plantar árvores".
Cameron, junto da atriz Sigourney Weaver e do ator Joel David Moore, se uniram aos índios e movimentos sociais que se opõem à construção da hidroelétrica de Belo Monte, uma obra que será realizada no rio Xingu, no coração do Pará.
Os três participaram de manifestações realizadas em Brasília, e Weaver se uniu nesta quarta-feira em Nova York a uma manifestação realizada por ativistas que participam do Fórum Permanente para Assuntos Indígenas das ONU, onde denunciaram o dano ambiental atribuído ao projeto.
Segundo Ana Júlia, quem se opõe à represa desconhece as garantias e as contrapartidas ambientais e sociais incluídas na licitação, mediante a qual as obras serão repassadas a um consórcio público-privado em 20 de abril.
A represa de Belo Monte terá um custo de US$ 10,6 bilhões, gerará em média 4.571 megawatts por hora e alcançará um pico de 11.233 megawatts nos períodos de cheia do rio Xingu, um dos principais afluentes do Amazonas.
Serão investidos também R$ 1,5 bilhão para mitigar o impacto socioambiental, e outros R$ 2 bilhões em projetos para o desenvolvimento sustentado do rio Xingu, explicou Ana Júlia à Efe.
A governadora acrescentou que na região serão construídas casas e postos de saúde, e serão desenvolvidas obras de saneamento básico hoje quase inexistentes. Ao todo, 12 mil pessoas devem deslocadas com a represa e terão esses benefícios.
Além disso, Ana Júlia expressou que a represa terá um impacto econômico importante em uma área na qual impera a pobreza e o desemprego. Explicou que as obras gerarão 18 mil empregos diretos e 23 mil indiretos. Esse impacto, no entanto, será multiplicado assim que a represa entrar em operação, pois ajudará a potencializar a economia do Estado do Pará.
Como exemplo, disse que essa região do norte do Brasil é muito rica em bauxita, mas até agora só exporta o mineral, pois não tem condições de beneficiá-lo em alumínio porque, entre outras coisas, na região não há fornecimento de energia elétrica. "Belo Monte permitirá ao Pará deixar de ser um mero exportador de matéria-prima, gerar emprego e renda e abrir as portas ao desenvolvimento", apontou.
Segundo a governadora, uma região de poucos recursos como Pará "não pode estar condenada à pobreza e ao desemprego" e tem o mesmo "direito" ao desenvolvimento que outras áreas do Brasil e que os países mais ricos do mundo, "que já destruíram todas suas selvas".
Na opinião de Ana Júlia, quem se opõe à represa, além de ignorar as compensações sociais e ambientais estabelecidas como condições para o projeto, fazem a partir de uma "visão que na realidade é conservadora e não conservacionista".
Link para a reportagem:

Curiosidades...

No portal Contas Abertas, Leandro Kleber e Giselle Mourão listam algumas compras do Senado.

Os autores afirmam que tratam-se de reservas de recursos em orçamento realizadas por órgãos da União para pagamento de despesas curiosas. Vale ressaltar que, a princípio, não existe nenhuma ilegalidade nem irregularidade neste tipo de gasto feito pela União e que o eventual cancelamento de tais empenhos certamente não ajudaria, por exemplo, na manutenção do superávit do governo ou em uma redução significativa de despesas. A intenção de publicar essas aquisições é popularizar a discussão em torno dos gastos públicos junto ao cidadão comum, no intuito de aumentar a transparência e o controle social, além de mostrar que a Administração Pública também possui, além de contas complexas, despesas curiosas.

Na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) apresentou oficialmente seu novo presidente, o ministro Cezar Peluso, a instituição também se destacou empenhando (reservando em orçamento) recursos para a realização de despesas, digamos mais curiosas. Uma delas, por exemplo, trata da compra de uma tonelada de açúcar refinado “de primeira qualidade”, conforme descreve a nota de empenho emitida pelo órgão para a aquisição. O açúcar estará acondicionado em pacotes de um quilo. Preço total: R$ 2,3 mil. Resta agora tomar cuidado com exageros, principalmente nos cafezinhos, e a diabetes...

O Supremo também parece ter resolvido renovar seus equipamentos para “jardinagem”. A instituição comprometeu R$ 2,4 mil para a compra de três serras “tico tico” de corte de madeira. As serras elétricas terão soprador de ar, manterão a linha de corte visível, sistema de troca de lâmina, velocidade variável com cinco estágios e menos vibração. A quantia também serviu para a compra de uma lixadeira de tinta e uma furadeira de impacto.

Outros R$ 2,3 mil foram reservados para a compra de outra serra circular, com ajuste de inclinação até 45 graus, uma serra de esquadria, com no mínimo nove posições de fixação para cortes angulares, e uma lixadeira excêntrica. Resta aos ambientalistas lamentar um possível desmate nas dependências do STF, que ainda empenhou - em compra menos polêmica - R$ 1,8 mil para a aquisição de dois gravadores de mão digital, “leves, compactos, discretos, com alto-falantes potentes e interface USB 2.0 para conexão ao computador”.

Já no Congresso Nacional, destaque para o Senado, que “fuzilou” nas compras. Vamos por partes... R$ 8,8 mil foram comprometidos para a aquisição de 220 telefones (vale ficar de olho na conta nos próximos meses), R$ 4,7 mil para a compra de dois mil rolos de barbantes, R$ 6,7 mil para a aquisição de blocos de recados auto-adesivos na cor amarela e R$ 1,1 mil para custear prestação de serviços de buffet para coffee break para 80 pessoas.

Os automóveis dos senadores também funcionarão bem, pelo menos nos próximos meses. Isso porque o Senado empenhou R$ 1,3 milhão com contratação de manutenção e assistência técnica aos veículos do órgão. A Casa reservou mais R$ 77 mil para a contratação de empresa especializada em fornecimento e aplicação de películas, “à medida que houver necessidade”. Só não se sabe onde serão instaladas essas películas...

Ainda na última semana, R$ 33 mil foram destinados a compra de leite pasteurizado tipo “C”, que, por incrível que pareça, está extinto na região Centro-Oeste desde 2005. A exigência foi grande quanto à qualidade do produto. O Senado solicitou nome do fabricante, endereço, registro no órgão, prazo de validade, embalagem apropriada, lacrada, entre outros itens que devem obrigatoriamente ser inseridos ao produto. Também nos últimos dias, R$ 1,3 mil foi reservado com dez campainhas sem fio do tipo “din-don” e mais de R$ 680 com 80 agulhas, cada uma com 12 unidades, para “máquina de costura” não especificada na nota de empenho.

Já a Câmara dos Deputados gastou um pouco mais com eventos: R$ 21,5 mil para pagar prestação de serviços de organização e fornecimento de lanches, coquetéis, almoços, jantares. O valor serve para atender despesas até 17 de maio. A Casa ainda reservou R$ 3 mil para a compra de 30 webcans, a pedido do Departamento de Polícia do órgão. A Câmara também investiu no lanche dos deputados e funcionários, reservando mais de R$ 9,6 mil para custear fornecimento de biscoitos e leite em pó para estoque até junho.

Link para as notas de empenho citadas: http://contasabertas.uol.com.br/website/noticias/arquivos/108_Notas%20de%20empenho%20-%2025-04-10.pdf

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Neurocontabilidade

Interessante artigo do Prof. Fábio Moraes da Costa (FUCAPE Business School), publicado na Repec do último quadrimestre, enfoca uma nova visão da contabilidade. Vale conferir: http://www.repec.org.br/index.php/repec/article/view/150/75

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Transparência e decência.

Em artigo publicado no portal da Revista Istoé Dinheiro, João Dória Jr comenta sobre o projeto Ficha Limpa, que, segundo ele, corre sério risco de ser mandado para a gaveta pela base governista no Congresso. (Ed. 655, 23/abr)

A emenda constitucional de iniciativa popular proíbe candidatos condenados por crimes graves de disputar eleições. A votação está prevista para acontecer em maio. No entanto, o PT e os partidos aliados querem que o projeto sofra algumas “flexibilizações” na Câmara dos Deputados. Qualquer político no exercício de seu mandato deveria ter a decência de apoiar e votar a favor do projeto Ficha Limpa. Não há o que flexibilizar quando a questão é de transparência e ética.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas

Em artigo capturado do site do CFC, Luís Rodolfo Cruz e Creuz (1) nos fala sobre o Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS), algo parecido com o SERASA e o SPC, comparado a Pessoas Físicas:

O poder público, enquanto guardião da proteção da sociedade, tanto por meio de normas coercitivas como regulatórias, interfere, com maior ou menor intensidade em nossa história, na ordem econômica. Nesse sentido, a contratação com o Estado deve ser protegida visando, indiretamente, a proteção da sociedade e do interesse público - não obstante as diversas teorias e opiniões sobre o que exatamente configuraria este interesse público. Ademais, a administração pública, considerando o disposto no artigo 37 de nossa Carta Magna, deve obedecer aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Sem prejuízo de outros tão importantes quanto, temos dois princípios que devem necessariamente reger as contratações públicas, a saber, o princípio da legalidade e o princípio da impessoalidade. Segundo Celso Lafer, o "princípio da legalidade afirma que a atividade administrativa se rege pelo atendimento das normas jurídicas com base na lei, cuja finalidade é sempre a presunção do interesse público", enquanto o "princípio da impessoalidade assevera que a administração pública deve tratar a todos sem distinções, em obediência ao republicano princípio da igualdade." Ora, os contratos com a administração pública devem, portanto, estarem revestidos de legalidade e impessoalidade. Para tanto, outro princípio se faz importante, a publicidade, igualmente esculpido no caput do artigo 37 da Constituição.

Com estas considerações, recebemos juntamente com bons ventos o advento do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS), um banco de informações mantido pela Controladoria-Geral da União (CGU), regulamentado em definitivo pela Portaria CGU nº 516, de 15 de março de 2010. O CEIS foi lançado originalmente em 9 de dezembro de 2008, data em que se comemora o Dia Internacional Contra a Corrupção. No início era um cadastro de dados oficiais de caráter público, que apenas compilava dados oriundos de diversas fontes, não inovando ou aplicando quaisquer tipo de penalidades. Em função da utilização por diversas instâncias da administração pública, inclusive que chegaram a prever condicionantes em editais de licitação para fornecedores que tivessem registro de penalidade ativa no CEIS, verificou-se a necessidade de regulação.

Este cadastro consubstancia-se em um banco de dados que tem por finalidade consolidar e divulgar a relação de empresas ou profissionais que sofreram sanções cujo efeito seria a restrição ao direito de participar em licitações ou de celebrar contratos com a administração pública. O cadastro estará disponível de forma permanente na internet (www.portaltransparencia.gov.br/ceis), reforçando a ideia/ideal de fomento da transparência nas contas e relacionamentos do poder público.

Nos termos da referida portaria, a gestão do CEIS compete à Corregedoria-Geral da União, que deve adotar todas as medidas necessárias para regulamentar, operacionalizar, coordenar e divulgar o referido cadastro, podendo, para tanto, designar um comitê gestor.

Segundo a novel norma, as sanções aplicadas a empresas ou profissionais, e que deverão integrar o CEIS são: (i) suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a administração; (ii) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública; (iii) impedimento de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou municípios; (iv) proibição de contratar com o poder público e receber benefícios e incentivos; (v) proibição de participar de licitações e de contratar com o Poder Público; (vi) declaração de inidoneidade pelo Tribunal de Contas da União; e (vii) outras sanções previstas em legislações específicas ou correlatas com efeitos previstos no caput do artigo 1º da Portaria CGU nº 516, de 2010.

Em função das referidas sanções, o CEIS conterá, entre outras, as seguintes informações relacionadas às empresas ou profissionais: (i) razão social e número de inscrição no CNPJ do apenado, no caso de pessoa jurídica, ou nome completo e número de inscrição no CPF do apenado, no caso de pessoa física; (ii) tipo da sanção; e (iii) data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador ou impeditivo da sanção, sendo que esta última ficará em aberto no caso de sanção cujo efeito limitador ou impeditivo dependa de reabilitação do apenado junto ao órgão ou entidade sancionadora e desde que não mais perdurem os motivos determinantes da punição.

O CEIS é criado na esteira de outro recém-instituído banco de dados, que também visa aumentar a transparência pública e reduzir assimetrias. Referimo-nos ao Cadastro Nacional de Infrações à Ordem Econômica, instituído por meio da Portaria Conjunta CADE/SDE nº58, de 2 de dezembro de 2009, e contempla os cadastros de reclamações fundamentadas contra fornecedores são essenciais na defesa e orientação dos consumidores, cabendo aos órgãos públicos assegurar sua publicidade, confiabilidade e continuidade.

Importante destacar que a iniciativa da Controladoria-Geral da União (CGU) efetivamente parece estar ganhando adeptos. O governo do Estado de Mato Grosso, através da Lei nº 9.312, de 19 de janeiro de 2010, também recentemente, instituiu o Cadastro Estadual de Empresas Inidôneas ou Suspensas (CEIS-MT), acessível por meio do site do governo estadual. Segundo o artigo 4º, parágrafo único, da lei, a relação das empresas inidôneas ou suspensas inclusas no CEIS/MT será encaminhada à Controladoria Geral da União (CGU), para que seja incluída no CEIS nacional. Ou seja, busca-se o fomento e o intercâmbio de informações e dados, visando o aumento da transparência de dados.

Por fim, reforçamos nosso entendimento de que a medida parece reforçar a vontade de fomento da transparência que deve necessariamente ter o poder público ao contratar. O instrumento também pode colaborar com o setor privado nacional, enquanto cadastro fomentador de divulgação de informações de empresas ou profissionais. Certamente, em um primeiro momento, somos levados a acreditar que a medida pode contribuir com a redução da assimetria existente no mercado, tanto para contratações públicas quanto privadas.
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(1) Luís Rodolfo Cruz e Creuz é sócio de Creuz e Villarreal Advogados Associados. Bacharel em direito pela PUC-SP; pós-graduado em direito societário pelo LLM - Master of Laws do IBMEC São Paulo; mestrando em relações internacionais e integração da América Latina

sexta-feira, 23 de abril de 2010

IFRS e modificações no fisco valorizam contabilistas

Texto retirado do portal Financial Web, em 23/abr/2010.
por Verena Souza

Neste 25 de abril comemora-se o dia do profissional contábil. Segundo especialistas, a atividade nunca foi tão reconhecida como agora.

No dia 25 de abril, é comemorado o “Dia do Contabilista”. Na verdade, a data passa pela sociedade sem grande festividade. No entanto, a classe contábil se faz notar, cada vez mais, no dia a dia das empresas. Especialistas do setor apontam, pelo menos, duas causas para isso: a adoção do padrão contábil internacional (IFRS) pelo Brasil a partir deste ano e as recentes mudanças no recolhimento de demonstrações enviadas ao Fisco.

É consenso entre analistas de que tais acontecimentos aumentaram, ainda mais, a responsabilidade desse profissional. “O contador passou a ser mais valorizado por causa da Escrituração Contábil Digital [ECD, ou Sped Contábil], juntamente à Nota Fiscal Eletrônica [outro pilar do Sped]”, afirmou Luis Claudio Palese, da CCA consultores.

Há menos de uma década, o contabilista se enquadrava, na maioria das vezes, na categoria de profissionais terceirizados. Porém, atualmente, eles são importantes decisores dentro das companhias. “Eles são amplamente utilizados para identificar os setores da organização que precisam de inteligência fiscal. São responsáveis por escolhas estratégicas na área financeira”, disse Palese.

O presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC SP), Domingos Orestes Chiomento, vai além. Para ele, a contabilidade está em terceiro lugar em relação às atividades de maior confiança da sociedade.

O médico aparece em primeiro lugar, por cuidar da saúde das pessoas; os padres e pastores vêm em seguida, por sua importância espiritual, e o contabilista se encontra na terceira posição pelo fato de gerenciar a saúde financeira das empresas.

Reciclagem

Apesar de a profissão ser mais reconhecida, os profissionais da área devem correr com os estudos se quiserem acompanhar a atual evolução tecnológica. Tendo em vista que, hoje, todas as obrigações tributárias acontecem virtualmente.

“Esse fenômeno é irreversível. Tudo é feito através da web. Isso traz mais transparência aos negócios e uma certa segurança para o governo, pois diminui a manobra de sonegação”, disse Chiomento.

Mas, de acordo com Palese, os avanços tecnológicos não são o maior desafio da classe. O verdadeiro calcanhar de Aquiles da categoria está no cumprimento das normas contábeis internacionais.

Segundo ele, a dificuldade está em conseguir mudar a cultura das médias e pequenas empresas que nunca se preocuparam em conhecer as normas do IFRS. “Muitas estão correndo atrás do tempo somente agora”, disse.

Palese concorda com Chiomento no sentido de que a automatização das demonstrações financeiras gera um cenário benéfico para ambos os lados: governo x contribuinte.

“Isso não pode ser encarado como apenas obrigações e gastos. No futuro próximo essa automatização deve gerar uma melhor interpretação do cenário econômico nacional, em que cada setor poderá ser avaliado pelas formas de tributação. Se elas estão sendo adequadas às praticas de mercado ou não”, explicou Palese.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Contas parciais

Como tem feito nos últimos anos, a Vale distribuiu um substancioso press-release sobre seu desempenho no último trimestre do ano passado e os números comparativos entre 2009 e 2008, acrescidos de informações e análises. Mas não o balanço do exercício anterior, com todas as demonstrações contábeis. Quem acessar o site da mineradora só encontrará as demonstrações de 2008, fracionadas por trimestre. A Comissão de Valores Mobiliários devia obrigar a empresa a seguir o modelo tradicional do balanço anual e recomendar à antiga Companhia Vale do Rio Doce que voltasse a publicá-lo em papel. Não fica bem a uma corporação da sua importância praticar uma técnica de manipulação tão primária. Ela só é eficiente porque os jornalistas, em especial os da área econômica, não cumprem sua obrigação. E as empresas jornalísticas, de olho no borderô, dizem amém.
LFP @ março 1, 2010
Texto retirado do site do Jornal Pessoal, do jornalista paraense Lucio Flavio Pinto: http://www.lucioflaviopinto.com.br/?p=1336