quarta-feira, 27 de junho de 2012
Contabilidade Financeira: Cortina de Burrice
Contabilidade Financeira: Cortina de Burrice: Eis um trecho do texto " A má educação isola o país", mais conhecido como Cortina de Burrice , de autoria do economista Cláudio de Moura e...
quinta-feira, 14 de junho de 2012
Percepção sobre a Política Fiscal no Brasil
A Esaf publicou, em seu site, a Percepção sobre a política fiscal brasileira, um estudo que aborda todas as regiões do País, sobre a percepção dos indivíduos sobre a política fiscal do país. Eis alguns resultados que coletei do documento:
- As regiões Norte e Nordeste registraram os maiores índices de pessoas sem escolaridade, comparadas as demais. Com relação a escolaridade superior incompleto, completo ou pós-graduação, a região Sudeste apresentou o menor índice, de 21,8% comparado as demais que giram em torno de 33% a 36%.
- Na estratificação por região do país, o Nordeste figura como o estado com menor renda entre os demais, com 45,9% da população nas classes D e E.
- O perfil da população entrevistada revela que a maior concentração de público é formada por pessoas empregadas no setor privado, somando 24,3% dos entrevistados. Merece destaque também a ocupação de profissionais liberais com 15,5% e, finalmente, aposentados e pensionistas que somam 15,5%. A parcela da população desempregada ouvida na pesquisa soma 5,8% do total.
- Para o segmento de entrevistados que declara pagar algum tipo de imposto foi questionado se este valor estava dentro da sua capacidade financeira de pagamento. 52,7% dos entrevistados declaram que tem condições de arcar com os impostos, enquanto outros 43,6% declaram que a carga tributária é elevada para sua condição financeira.
- Comparando a capacidade de pagamento de impostos nas regiões do país, observa-se que apenas no Nordeste a parcela de entrevistados declara que a carga tributária é maior do que sua capacidade de pagamento supera aquela parcela que se considera capaz de pagar seus impostos. Em contrapartida, os residentes no Norte e Centro-Oeste são os que menos sentem o peso financeiro dos impostos que lhe incidem.
Aos que se interessarem, eis o link: Pesquisa de percepção da política fiscal brasileira - ESAF
Um Brasil ao mar
Um jornalista que leio e acompanho há bastante tempo. Vale a pena ler:
Por Lúcio Flávio Pinto - cartas da Amazônia, 31/05/2012.
Por Lúcio Flávio Pinto - cartas da Amazônia, 31/05/2012.
A antiga Companhia Vale do Rio Doce comemorava cada nova década de vida com um álbum impresso, versão renovada e ampliada do primeiro volume, no qual contava sua história até aquele momento. Parece que desta vez não haverá álbum. Parece que não haverá nada. Os 70 anos da CVRD passarão em brancas nuvens.
É um contraste com a abundante propaganda veiculada pela companhia através da imprensa. A Vale nem precisava fazer tanto anúncio. Ela vende principalmente minérios, cujo valor é calculado por milhões de toneladas. Não há muitos compradores no mercado. Os contratos de venda são de longo prazo, valendo por vários anos.
O vendedor não precisa convencer ninguém no varejo. Mesmo porque, no caso, tem o filé-mignon, o minério de ferro de Carajás, o melhor que há, sem concorrente à altura.
As intensas e sistemáticas campanhas publicitárias que a Vale faz durante o ano inteiro tem objetivo institucional e não comercial. Ela vende à opinião pública a imagem de empresa responsável, preocupada com os impactos socioambientais gerados pela sua atividade, que paga bem, na qual é um prazer trabalhar, que apoia as iniciativas culturais, está ao lado das muitas comunidades com as quais convive e é de grande valor para o Brasil.
O resultado é que foi se tornando o maior anunciante particular da mídia brasileira. Haveria coerência de estar nessa condição: afinal, ela é a maior empresa privada do país (e do continente), a segunda maior mineradora do mundo (e a maior em minério de ferro, o minério mais usado pelo homem), a 31ª companhia mundial, a que mais exporta no Brasil e a que mais gera saldo de divisas para o país.
Todas essas grandezas parecem ter feito a empresa se afeiçoar cada vez mais aos elogios de uns e à subserviência de outros; e reagir negativamente às avaliações críticas ou mesmo à autonomia de quem não segue a sua cartilha na hora de dar sua opinião. O que é capaz de explicar o silêncio constritivo da Vale diante de duas importantes datas em cronologia sucessiva: os 15 anos da sua desestatização, ocorrida em 6 de maio de 1997, e os 70 da sua criação, neste 1º de junho.
Talvez pelo seu peso no faturamento das empresas jornalísticas, a mídia não aproveitou as duas datas para fazer um balanço dessa trajetória, como era do seu dever. A própria empresa preferiu adotar a tática do silêncio, abandonando as práticas do passado. Nada de fornecer as informações devidas, como nos álbuns anteriores, para atrair e estimular o interesse da opinião pública. A Vale quer apenas coro uníssono, não contracantos.
Já está bem delineado o desvio de rota da antiga estatal. Ela foi criada em 1942 para garantir o fornecimento de matérias primas de origem mineral aos países aliados, que combatiam a Alemanha nazista. Para que pudesse desempenhar essa tarefa, até os Estados Unidos apoiaram a transferência da rica jazida de Itabira, em Minas Gerais, que pertencia ao milionário americano Percival Farquhar. Colocar a mina em operação era, naquelas circunstâncias, missão de Estado, não de indivíduos.
Desincumbindo-se da missão, a CVRD se tornaria uma empresa típica de exportação se, por pressão dos mineiros, não tivesse passado a atender também o mercado interno. A abundância de ferro permitiu a ampliação do parque siderúrgico nacional. A exportação de matéria prima se combinaria com a indução à industrialização de base.
Essa combinação seguia seu curso (semelhante ao do café na formação do parque fabril de São Paulo) até a descoberta da maior província mineral do planeta, em Carajás, no sul do Pará, no final dos anos 1960. A associação da Vale ao Japão, que se iniciara timidamente, foi incrementada.
O teor de hematita pura no minério de Carajás e a existência de um porto de águas profundas em São Luiz do Maranhão, que podia ser alcançado por uma ferrovia de 900 quilômetros de extensão (pela qual circula atualmente o maior trem de carga do mundo), vindo do interior, e navios de grande tonelagem do mercado oceânico, viabilizaram um novo circuito de atendimento à Ásia.
Primeiro país beneficiado por essa nova realidade, o Japão eliminou a dependência que tinha da Austrália, passou a receber minério com o dobro do teor de ferro australiano e por um preço equivalente ao do antigo fornecedor. Não surpreende que os japoneses tenham passado a comprar da Vale em escala crescente. E a China tenha seguido-lhe os passos, em volumes cada vez maiores, tornando-se, hoje, a maior cliente da Vale e responsável pela aquisição de 60% da produção de Carajás.
Com o salto dos preços do minério de ferro a partir de 2001 e a escalada de consumo da China em 2005, tornando-se a Ásia o destino da maior parte do melhor minério que há na Terra, os gigantescos números dessas transações impressionam e entusiasmas. Mas também assustam. Se há motivos para comemorar agora, amanhã não será a vez de chorar lágrimas de sangue pelas riquezas naturais que se foram de vez e não serão substituídas, já que minério não dá duas safras?
Uma composição da música popular brasileira alerta: "o que dá pra rir dá pra chorar, questão só de peso e de medida". No final dos anos 1950, o jovem economista Celso Furtado, dos mais brilhantes intelectuais que o Brasil já teve, cunhou a expressão "feitorias de exportação" para bases logísticas, como as que se multiplicam no Brasil, voltadas para além dos oceanos. A primeira foi a do açúcar. A maior, a do ferro, hoje.
Junto com as riquezas, vão também os projetos e os sonhos. Como os do avanço da industrialização brasileira para uma etapa de criação de valor maior do que a atual. Talvez por isso a capitã da maior das feitorias de exportação prefira que as datas importantes passem em silêncio. Mesmo que sejam suas datas.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Escolas aproximam o ensino de negócios às ciências humanas.
Do Valor on line.Por Rebecca Knight | Do Financial Times
Quando Garrett Koehn começou sua busca por um programa de MBA executivo (EMBA), um diploma universitário para executivos que trabalham, ele não conseguiu encontrar o que procurava. Koehn, que é presidente da divisão da companhia de seguros Crump Group para o noroeste dos Estados Unidos, queria se atualizar sobre a economia mundial, mas também reciclar seus conhecimentos sobre cultura e história.
No ano passado, ele se matriculou em um novo programa de EMBA, oferecido pela IE Business School da Espanha e pela Brown University em Rhode Island, que combina ciências humanas e sociais com o tradicional ensino de administração. A Brown é uma das duas únicas universidades da Ivy League dos Estados Unidos- a outra é Princeton- que não possui uma escola de negócios. "As ciências humanas acrescentam um contexto político, social e cultural ao que acontece nas finanças", diz.
Koehn não está sozinho na busca de um ensino de negócios mais bem acabado e as escolas estão percebendo isso. Abaladas pelas críticas sobre o papel que desempenharam na crise financeira- formando alunos que se concentravam em ganhar dinheiro e incapazes de pensar através de disciplinas múltiplas-, algumas decidiram ter currículos mais próximos das ciências humanas.
A Rotman School of Management da Universidade de Toronto, por exemplo, remontou seu currículo para estimular a capacidade dos alunos de inovar, colaborar e usar a imaginação. Em 2007, a Stanford Graduate School of Business fez amplas mudanças em seu currículo que deram mais peso às perspectivas multidisciplinares e à percepção dos contextos culturais.
Em certos aspectos, a maior ênfase nas ciências humanas é um reconhecimento de que o currículo tradicional de MBA tem deixado a desejar. Muitos dos maiores empregadores dos MBAs têm mudado a maneira com que buscam talentos corporativos. A globalização da mão de obra de colarinho branco mostrou que eles podem contratar formandos na Índia para cargos de análises financeiras, por salários menores.
Essa realidade coincide com a valorização crescente que os empregadores estão dando a outras disciplinas além de finanças e contabilidade. Uma estatística eloquente é que em 1993, 61% dos novos contratados pela consultoria McKinsey tinham MBA e, em 2006, esse número caiu para 43%.
"As companhias perceberam que estavam começando a perder vantagem na criatividade e na resolução de problemas. Por essa razão, começaram a contratar arquitetos, engenheiros e advogados", diz Stuart Kaplan, diretor operacional global da Korn/Ferry, empresa especializada na busca de executivos. "Eles estão vendo menos relevância no MBA tradicional."
Numa era em que os mercados financeiros estão interconectados e a inovação tecnológica ocorre em ritmo acelerado, o conjunto ideal de habilidades administrativas mudou, afirma ele. "Estamos nos afastando dos administradores do tipo que comandam e controlam, em direção a líderes que entendem que os cenários são mais fluidos. As companhias estão buscando comandantes que abordem os problemas sob diferentes perspectivas e que combinem essas abordagens para encontrar novas soluções."
James Spohrer, diretor dos programas universitários da IBM, diz que contratados com experiência em ciências humanas "tendem a ter uma escrita excelente, habilidades de comunicação falada e ainda existe uma probabilidade maior de serem pensadores criativos".
O programa da IE/Brown envolve aulas na Brown e na IE, complementadas por trabalhos em casa realizados online. Os cursos tradicionais compreendem dois terços do currículo, mas há também aulas de artes que exploram a história da música com o hip hop, uma aula de teatro para ajudar os alunos a aperfeiçoar a comunicação em público e uma aula de filosofia sobre o significado do trabalho e da identidade.
David Bach, reitor dos programas da IE Business School e diretor acadêmico do EMBA conjunto, descarta a noção de que as aulas de artes talvez sejam fáceis demais. "Elas dão aos alunos uma chance de engajamento no processo criativo. Os administradores dizem: 'Nunca me vi como uma pessoa criativa'. O fato de ser divertido não significa que não sirva a um propósito."
Entretanto, alguns membros da comunicado do MBA- até mesmo aqueles que veem valor nas ciências humanas - admitem que acrescentar uma dose delas no currículo tradicional não é a resposta. Roger Martin, reitor da Rotman, diz que os programas podem ser um "pouco autocomplacentes". "Eles falham na coisa mais difícil. As escolas não ensinam as pessoas como pensar sobre esses assuntos e como estruturar e resolver problemas cognitivos", observa. (Tradução de Mario Zamarian).
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